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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Quem foi Paulo Leminski?

Laura Torres

Apesar de ter passado maior parte da vida em Curitiba, muitos Curitibanos não sabem quem foi Paulo Leminski.


Nascido em Curitiba, no dia 24 de agosto de 1944, faleceu na mesma cidade em 07 de junho de 1989 em consequência de uma cirrose hepática. Foi escritor, tradutor, poeta, professor, e faixa preta em judô. Ficou conhecido por preferir poemas breves, haicais, trocadilhos e ter um jeito próprio de escrever. 



Vamos conhecer alguns de seus trabalhos?




Dor elegante
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra

Sofrer vai ser a minha última obra

Um homem com uma dor
Carrega o peso da dor
Ópios, édens, analgésicos





O que quer dizer
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.




Razão de ser

Escrevo porque preciso,

preciso porque estou tonto.

Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece,

E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Escrevo. E pronto.




Não discuto

não discuto com o destino

o que pintar
eu assino




A lua no cinema
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

A lua foi ao cinema,
Não tinha porque era apenas
Era uma estrela sozinha,
A lua ficou tão triste



Sintonia para pressa e presságio

Escrevia no espaço.

Hoje, grafo no tempo,

na pele, na palma, na pétala,

luz do momento.

Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.





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